¡¡Fuera_Pinochet!!Cartaz contra a ditadura chilena (Foto: Wikimedia Commons)

Em 16 anos de governo militar, números oficiais estimaram que entre mortos, desaparecidos e torturados, mais de 40 mil pessoas foram vítimas da ditadura. A carnificina começou quando o então general do exército Augusto Pinochet tomou o poder no dia 11 de setembro de 1973 – uma infeliz coincidência de datas.

Foi ordenado um bombardeio ao Palácio La Moneda, sede da presidência. Salvador Allende, então mandatário eleito do país, morreu durante o ataque. Por décadas se especulou se a causa da morte de Allende havia sido o ataque ou suicídio. A exumação do corpo de Allende em 2011confirmou a segunda hipótese.

Allende era visto como um potencial socialista, ligado a movimentos de origem social e um ativista político de longa data. Numa época em que a União Soviética era uma força ideológica e militar forte, a esquerda era vista como um adversário político perigoso. Por isso, Pinochet se juntou aos setores mais conservadores do país e ao Departamento de Estado americano e instalou um regime autoritário.

Pinochet não poupou esforços para manter seu governo centralizado e linha-dura. Ordenou a construção de um campo de trabalhos forçados e maquinou assassinatos de seus opositores. Altos índices de crescimento econômico ajudaram a mantê-lo no poder, apesar da violência. Um cenário bem parecido com o que aconteceu durante o regime militar brasileiro.

Mas em 1988 os ventos mudaram. Um plebiscito foi realizado para consultar o povo chileno sobre a permanência dos militares no comando do país. Pinochet acreditava que os bons resultados econômicos garantiriam sua vitória nas urnas.

Surpreendentemente, o governo foi derrotado e os eleitores escolheram a volta à democracia. Esse episódio foi retratado no filme “No” (2012). Mesmo sem a mão de ferro da ditadura, o Chile se manteve com um dos países mais prósperos da América do Sul, com uma renda per capita de US$ 20 mil. Ainda há, claro, uma forte desigualdade social e problemas na saúde e educação – que hoje é completamente particular no país.

As cicatrizes do período ditatorial também são profundas e ainda hoje provocam divisões. Um bom exemplo é a próxima eleição presidencial, programada para 17 de novembro próximo. De um lado está a expresidente Michele Bachelet (centro-esquerda). Do outro, Evelyn Matthei, candidata da direita. Os pais das duas presidenciáveis estiveram em lados opostos durante o golpe. Alberto Bachelet foi preso por se manter fiel a Salvador Allende, enquanto que Fernando Matthei foi integrante da junta militar que passou a governar.

Quarenta anos depois do 11 de setembro chileno e mais de vinte após a saída de Pinochet do poder, ainda é possível ver muitos dos traços da ditadura que traumatizou o Chile.

Confira o trailer do filme “No”, do diretor Pablo Larraín
(com Gael García Bernal, Alfredo Castro e Antonia Zegers)

[youtube id=”ApJUk_6hN-s” width=”600″ height=”350″]

 

Fonte: Revista Galileu