No que parecia ser um dia comum de 1992, o estagiário da empresa de paisagismo alemã Ökoland Dederow saiu do escritório para fazer algumas fotos aéreas de uma floresta em Brandemburgo. Seu objetivo era iniciar o plano de um sistema de irrigação. Poderia ser apenas uma tarde dedicada a uma das ingratas tarefas delegadas aos iniciantes, mas não foi. Olhando as fotos do voo sobre a região, ele viu que as árvores do local formavam o desenho de uma suástica.

Imagem: REUTERS

O símbolo nazista só pode ser visto do alto – esse é o motivo de ninguém ter notado sua presença até a década de 1990. Ele é formado por um grupo de 140 larícios (um pinheiro típico da Europa) que se mistura à vegetação densa da floresta. No outono, essa árvore se torna amarelada, o que faz o desenho se destacar em meio ao restante da flora.

O estagiário mostrou as imagens ao seu chefe, Günter Reschke, e os dois passaram a pesquisar a origem daquela curiosa visão. Medindo as árvores, o que os especialistas consultados descobriram foi que os larícios haviam sido plantados no final dos anos 1930. Ou seja, por décadas, durante cada outono, uma suástica se formou nas florestas alemãs, sobrevivendo à ocupação russa, ao regime comunista na Alemanha Oriental e à queda do Muro de Berlim, sem chamar a atenção de ninguém (ninguém que tenha se pronunciado, pelo menos).

Vários rumores tentaram explicar a origem do estranho desenho nas árvores: um fazendeiro local afirmou que plantara as mudas ainda criança, pois um engenheiro florestal lhe pagara alguns centavos por cada árvore. Outros garantiram que a plantação era uma tentativa de melhorar a imagem da região diante do governo nazista depois que um habitante da comunidade tinha sido levado para um campo de concentração.

A terceira hipótese, mais aceita que as outras duas, afirma que as árvores foram plantadas como uma homenagem a Adolf Hitler no seu aniversário, ainda nos anos 1930. O jornal alemão Berliner Zeitung ainda divulgou que as árvores foram plantadas como um agradecimento da comunidade ao Reich pela construção de uma rua.

Em 1995 foi feita a primeira tentativa de eliminar esse “detalhe” da paisagem alemã. Armados de motosserras, trabalhadores locais cortaram os troncos das árvores. Não adiantou: no ano 2000 já era possível vê-las novamente sobrevoando a área da floresta. Em uma segunda tentativa, o governo de Brandemburgo recebeu permissão para cortar apenas 25 árvores, ou seja, precisaram escolher cautelosamente as que cortariam, de forma que o desenho fosse claramente desfeito.

 

Fonte: Superinteressante