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Ainda que os desktops e laptops representem a base de negócio, acompanhar as movimentações de um mercado cada vez mais pautado na mobilidade e na diversificação de plataformas tornou-se vital para as empresas de periféricos e assessórios de tecnologia. No cenário em que a venda de smartphones saltou 78% no ano passado, em relação à 2011, em contraste com a queda de 12% na participação dos PCs, de acordo com números do IDC, o segmento que caminha à margem da indústria de tecnologia busca novos nichos através da ampliação e renovação do portfólio de produtos.

Se antigamente a estratégia era ganhar na base com o mouse de bolinha mais barato do mercado, hoje o foco está presente nos produtos de maior valor agregado, como joysticks de alta precisão para games e fones de ouvido que agregam conforto e design.

Segundo dados da GfK, o segmento de periféricos cresceu 11% entre janeiro e agosto deste ano na comparação como mesmo período de 2012. O número foi sustentado basicamente pelos mouses, que registraram ampliação de 30,6%. Cada vez mais incorporados aos dispositivos, desde os laptops, smartphones e tablets aos reinventados desktops all-in-one, teclados e webcams registraram quedas de 10% e 13,4%, respectivamente.

“É um caminho natural. A chegada de um dispositivo elimina alguns periféricos. Temos que buscar novos caminhos. Quando o notebook ganhou espaço, ele praticamente eliminou a necessidade do teclado, mas abriu uma demanda por itens de maior valor agregado, como hub de portas USB, luz auxiliar e carregador extra”, explica Rafael Côrtes, gerente de produtos da Maxprint, marca para os suprimentos de tecnologia do Grupo Rio Branco.

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Em 2010, a empresa decidiu repensar a estratégia justamente quando começou a perceber o esgotamento de um modelo cujo alicerce estava nos PCs. Então, foram criadas duas marcas segmentadas para nichos de maior valor agregado e propostas distantes dos periféricos básicos da marca-mãe. Há dois anos no mercado, a Dazz está focada no mercado de entretenimento e suprimentos para gamers. Já a Gothan é sinônimo de conectividade para dispositivos como roteadores, switches e repetidores. “A Maxprint também evoluiu e incorporou produtos para novos dispositivos. Hoje, um terço do nosso portfólio é composto por dispositivos para smartphones e tablets. E as vendas de acessórios para computadores tradicionais, que representava 95%, está em 50%”, acrescenta. Há dez anos, o mix era de 250 itens. Hoje soma 900 produtos.

A renovação de todo o portfólio é uma das prioridades da Clone em curto prazo. Entre outros produtos tradicionais, a empresa já trabalha com cases e capas para celular, cabos, adaptadores e caixas de som e fones de ouvido para os dispositivos móveis. “Há cinco anos, 90% do nosso catálogo era relacionado aos PCs. Com a linha que estamos preparando para 2014, 80% dos acessórios serão voltados a outros dispositivos”, diz Eduardo Kerr, diretor de contas e de desenvolvimento de produtos da Clone. O executivo prevê que a divisão das vendas acompanhe esses números.

Na avaliação de Kerr, a entrada dos tablets e smartphones está trazendo reflexos diretos no comportamento de compra dos consumidores, o que abre boas oportunidades de expansão nas vendas. “Hoje, o consumidor troca de acessórios com maior frequência. Você tem um forte apelo de design, pois ele quer demonstrar o seu estilo através daquele produto. Antes, a decisão de compra era mais orientada pelo preço”, diz. O valor agregado mais elevado para os dispositivos em novos segmentos fica evidente quando um adaptador para multidispositivos destinado a um tablet chega a custa entre R$ 100 e R$ 200, dependendo das funcionalidades. Um similar para PC vale entre R$ 10 a R$ 20. O mesmo acontece com a versão de mouse para games, que custam dez vezes mais que os modelos comuns.

Para Augusto Kaulino, da Leadership, apesar de metade das vendas do segmento ainda serem no mercado ligado aos laptops e desktops, o futuro está claro.

“Até 2003, tínhamos 350 produtos segmentados em câmeras digitais, eletroeletrônicos, acessórios para consoles e acessórios para informática. Hoje, temos aproximadamente 650 itens, sendo 30% para desktops e notebooks e 70% para novas tecnologias”, diz.

Novos consoles inauguram corrida do mercado

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A migração do portfólio das empresas de periféricos ganhará ainda mais intensidade com a chegada do Playstation 4 (PS4), da Sony, e o Xbox One, da Microsoft, dispositivos que, no quarto maior mercado de games do mundo, com crescimento de 60%, que já motivam uma nova corrida do mercado. “A nova geração de consoles traz uma gama de possibilidades inimagináveis. Quem chegar primeiro, vai sair na frente certamente. É isso que todos querem e estão de olho. Agora, o que vai vir de novo ainda não é possível saber”, ilustra Côrtez, da Maxprint.

Mas para Kaulino, da Leadership, o elevado preço do PS4 no país – o dispositivo chegará ao mercado nacional por cerca de R$ 4 mil – deve frear esse otimismo. “A conta não fecha. O mercado de acessórios fica vulnerável. Tememos pela fraca demanda devido a esse custo absurdo”, diz ele. Ainda assim, o executivo garante que corre atrás de dispositivos de olho no longo prazo. “Temos que aguardar pelo aumento da demanda”.

Ainda assim, a expectativa é de um próximo ano interessante para o segmento. “Acho que tem tudo para ser o mais agitado da história, principalmente quando o assunto são os games”, acrescenta Côrtez. Já a Clone enxerga boas oportunidades tanto em acessórios para jogos em PCs como para produtos relacionados aos consoles Playstation 4 e Xbox One “Na área de PCs, temos ainda uma grande demanda por mousepads e teclados específicos para games”, afirma. “Estamos apostando em um grande crescimento, especialmente em 2014. A expectativa é dobrar a nossa receita no ano que vem”, acrescenta.

* Todas as imagens são de divulgação dos respectivos produtos que representam.

 

Fonte: Brasil Econômico