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SÃO PAULO – Em entrevista à revista britânica NewStatesman, o economista Jim O’Neill, mais conhecido por cunhar o termo Brics (Brasil, Índia, Rússia e China) destacou que a sigla criada por ele já está dando sinais de cansaço. A sigla pegou de tal forma que O”Neill afirma se sentir lisonjeado mas, ele também se sente irritado por ter que defender constantemente o seu ponto de vista.

“Alguém acaba de escrever um livro chamado Broken Brics”, afirma o economista, ressaltando que, se criasse uma nova sigla, teria apenas o “C” de China, que é uma vez e meia maior do que todos os outros integrantes juntos.

Contudo, a reportagem do NewStatesman ressalta que O’Neill, hoje com 56 anos, está mudando a sua direção tanto em relação ao setor bancário quanto em relação à sigla criada por ele. Ele deixou o seu cargo no Goldman Sachs em abril de 2013 após 18 anos de trabalho e, decidido de que não podia fazer melhor o seu antigo papel, apostou em algo diferente, passando a falar mais sobre os Mints (México, Indonésia, Nigéria e Turquia).

Jim O’Neill projeta que essas economias estarão entre as dez maiores nos próximos trinta anos. Contudo, a sigla original não seria Mints, e sim Mists. Contudo, a BBC o convenceu que seria melhor incluir a Nigéria ao invés da Coreia do Sul. Na entrevista, ele afirmou que é meio embaraçoso, mas também é divertido que outros “opinem” sobre as suas siglas.

E ressalta: México, Indonésia, Nigéria e Turquia são quatro países que enfrentam desafios muito diferentes, mas estão unidos por uma demografia favorável, com grandes e jovens populações. “Isso é fundamental. Se você tem dados demográficos favoráveis, as coisas se tornam muito mais fáceis”, ressaltou.

Na entrevista, O’Neill ainda destaca que o Ocidente deve parar de querer impor os seus valores para outros países, em meio às acusações de que o economista estaria superestimando a capacidade individual e minimizando a violência política, a repressão estatal e a corrupção, que poderia até mesmo reter até mesmo o mais empreendedor. A mensagem principal é que “devemos parar de obsessão sobre a corrupção nos países em desenvolvimento e nos concentrarmos primeiro no crescimento”.

E acrescenta: “a presunção de que todas as pessoas valorizam a nossa versão de democracia é embaraçosa”, destacando que boa parte da população chinesa não tem a mesma concepção. “Eles querem mais riqueza e escolha, mas não exigem eleições livres”.

A lição que Jim O’Neill chamou de extraordinária ascensão da China mostra que alguns países não precisam de democracia para o desenvolvimento e para alimentar o crescimento econômico. E a reportagem conclui: “eu não posso ajudar, mas espero que ele esteja errado”, afirmou.

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 Fonte: InfoMoney